domingo, 30 de julho de 2017

Espiral

   Estranho é tu morando em sonhos meus nos quais ainda dormindo minha mente desperta, e ali me pergunto se certos acontecimentos são normais em algum universo paralelo.
   Não sei, e aliás, falar sobre você é exatamente isso, falar sobre o que não sei, tentar dissertar sobre coisas que não entendo. Não é ignorância, só uma coleção de sentimentos que se distinguem e confundem, quando digo que não quero e em outro momento acredito querer, então me arrependo pelo que quis e mudo novamente de idéia, me bagunçando sem te tirar do lugar, observando sua calma sem saber o espiral em que me envolve, o labirinto que percorro todas as vezes que tento te alcançar. É como andar e andar sem destino, olhar para o céu e não saber se é dia ou noite, nem se a chuva aproxima-se e preciso procurar abrigo, ou até se deixar as gotas d'água me alcançarem seria libertador.
  Gostaria de cobrir-te com elogios e falas nada irônicas cheias de amor, abrir asas e te envolver, te ensinando cantigas e novas formas de rir, gostaria mais de não pensar no depois e que você também não pensasse, que pudesse apenas me abraçar de volta, sem porquês, sem perguntas, sem continuações escritas e combinadas.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Várias Vezes

   O mesmo papel escrito e reescrito várias vezes, só pra eu poder admitir que meu maior medo em estar aqui te escrevendo novamente, é o seu desprezo.
   Quando você me virou as costas , tive medo de não saber caminhar sozinha, foi quando entendi que precisava, não pra te ter de volta, não pra que as pessoas parassem de se afastar, apenas por mim. De qualquer forma, obrigada, isso não é o milésimo pedido de desculpas, é só um "você foi parte importante de tudo", de alguma forma me ajudou a estar bem hoje, mesmo que os conselhos não tenham sido o suficiente pra que acontecesse antes.
   Não guarde raiva não, eu só era uma pessoa que precisava de ajuda, procurando no lugar errado.

domingo, 16 de julho de 2017

Mês 7

   Como posso me sentir presa em um lugar que inspira tanta liberdade?
   As saias rodando, os pés na grama molhada e as pedras reluzindo o Sol, estavam encantadores, porém eu não estava lá. Era o mês 7 e ainda estava no ano passado, naquele último dia, naquelas últimas horas. Era como reviver aquele tempo mas sem você, como se eu estivesse naquele mesmo momento, entendendo como seria se tu nunca houvesse estado lá, como as risadas seriam mais tranquilas e o cabelo amassado um problema a menos. 
  Mesmo longe te carreguei comigo, te levei através dos meses e dos quilômetros, as luzes rodando e a mente sendo enganada com a sensação do chão não estar mais no chão, era um looping de cores que talvez quisesse combinar com o looping mental no qual me encontrava. Só uma sensação nostálgica, de longe tão pesada que parecia me puxar para baixo.
  Talvez a proximidade me faça delirar novamente, ficar apreensiva por coisas que não irão e nem virão. A propósito, o que menos vêm são as palavras, não por escolha mas comodidade, só pra te ter por perto guardo 1001 declarações de amor pra mim, inúmeros textos apaixonados. Mas a distância me faz guardar tanto quanto, só com o agravante da saudade. 
  Me sinto perdida sem entender onde quero chegar, sem saber se algum destino sanaria meu desassossego, me perco quando não sinto vontade de viajar pelas curvas do teu corpo, quando não tenho vontade de viver o que sinto, quando não sei onde tudo começa ou termina, nem mesmo se vai e quando vai.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Ir Embora

  Queria te dizer pra ir embora. Não, eu queria que você não estivesse perto o suficiente pra ter que te pedir isso, mas está. Não tanto, não ao lado, mas perto, umas esquinas de distância e sei que posso te enxergar a qualquer segundo, desprevenida, com qualquer roupa, com o olhar perdido. 
  Queria poder te dizer que não tem o direito de fazer isso comigo, estar tão próximo e mesmo sem intenção trazer a tona tantos momentos que pensei ter esquecido. 
  Quando a vi... Não era você mas como se fosse, sangue do mesmo sangue, de repente as lembranças pareceram palpaveis, uma avalanche de vontades que não pensei poder sentir após anos.
  Nós nunca fomos bons o suficiente mas nos fizemos felizes e um ao outro era tudo o que tínhamos, planos, fotos, datas, se tornaram memória cheia, conteúdo a ser excluído. 
  Bem que você poderia ir embora de novo, mas pra bem longe, onde não tenha a chance de te encontrar ao acaso, onde não me sinta soterrada, nem afogada ou ansiosa, engasgada por possibilidades que me dizem serem tão pequenas. E olha eu aqui, te escrevendo depois de quase 3 anos...